quarta-feira, 18 de maio de 2016

Deusa Danu

“No início havia o Vazio, a vastidão do Nada,
a supremacia da criatividade não-diferenciada
Do vazio nasceu o Caos,
Da união entre o vazio e o caos originou-se Ana,
a Grande Sonhadora, Criadora e Tecelã dos mundos,
em cujo ventre fértil resplandeciam estrelas e planetas.
Da união entre Sonho e o nosso Sol foram criados
a Mãe Terra, o Pai Céu e o oceano, os ancestrais primevos.
Do encontro entre o céu e a Terra surgiram os Seres Brilhantes,
os Dakinis e os Dakas que trouxeram a luz ao mundo.
E do ventre de Ana, tocado pela luz das Plêiades,
nasceram os Tuatha de Danann,
o povo da deusa Danu.

- Kathy Jones, “The Well of Ana”.
Danu é reverenciada como Senhora da Terra, da água, da abundância, da plenitude da Natureza e da soberania, do lar e da família. Consorte de Beli e mãe de Dagda, ela é a mais poderosa das Deusas celtas, Danu é a mãe dos Tuatha de Danann, os Deuses irlandeses, que significa, literalmente, os Filhos de Danu. Todo o Tuatha de Danann pode traçar a sua linhagem de volta para ela. Representando a força ancestral da Terra, a fertilidade, a vida e a morte, Danu foi posteriormente considerada como a representação da tríplice manifestação divina, tendo três “faces” ou aspectos.

Seu nome “Dan” significa conhecimento, mas há outras interpretações sendo que uma delas é “Fluxo”, “Terra Molhada” e a mais poética, “Água do Céu”.

Tendo sido preservada na mitologia galesa como a Deusa Don, e na mitologia basca pré-cristã como Maria, Señora de Amboto, também conhecida como Danann, Dana, Anu ou Ana. Na Ibéria, a divindade suprema do panteão celta é considerada a senhora da luz e do fogo. Era ela que garantia a segurança material, a proteção e a justiça. Danu também é conhecida por outros nomes: Almha, Becuma, Birog, ou Buan-ann, de acordo com o lugar de seu culto.

Apesar do seu culto ter sido proibido pelo cristianismo e seu nome, aos poucos, ser esquecido, Danu está presente em toda a Irlanda, seja nos verdes campos, no perfil arredondado das montanhas, no sussurro dos riachos. O Seu lugar sagrado, no Condado de Kerry, chamado Da Chich Anu ou Paps of Anu, reproduz, na forma das duas colinas, Seus fartos seios, cujos mamilos são formados por antigos amontoados de pedras que foram formados pelas oferendas de pedras levadas pelos peregrinos ao longo dos tempos, em sinal de reverência e gratidão. Ela está ligada aos Montes Feéricos e tem associações com Dolmens, monumentos megalíticos tumulares coletivos, também conhecido como um túmulo portal, ou sepulturas portal.

A Deusa Mãe irlandesa, guardiã do conhecimento, protetora das famílias e tribos, regente da terra, da água e da A constelação de Cassiopéia também recebe o nome de Llys Don, a corte de Danu, em sua homenagem. Seu nome aparece em outros lugares como o famoso rio Danúbio, pois foi no vale desse rio que a civilização Celta se desenvolveu.

Tuatha de Dannan

No século XI foi publicado “O Livro das Invenções”, que descreve uma sucessão de 5 povos que teriam vivido na Irlanda antes da chegada dos celtas, os ancestrais dos habitantes atuais.

Nas lendas, estas raças diferentes são descritas de uma forma ambígua, tendo tanto características divinas quanto humanas e sendo apresentadas como Deusas, Deuses, gigantes, devas e seres elementais. Cada uma dessas raças foi vencida e seguida pela seguinte, alternando-se assim seus mitos, suas divindades e sua organização social e religiosa.

A quarta raça – Tuatha de Dannan ou “Povo da Deusa Danu” –, apareceu de forma misteriosa: não da terra, de uma direção definida, como outros invasores, mas do céu, simultaneamente das 4 direções. Aterrissaram no dia do Sabbat Beltane e depois fundaram 4 cidades que se tornaram os centros espirituais da Irlanda.
Sabe-se que eram seres sábios, seus atributos eram de bondade e luz. Por terem vencido a “escura” e agressiva raça anterior foram por isso chamados de “seres brilhantes”. Trouxeram ensinamentos e objetos de magia, arte, sabedoria e cura e deixaram como marcos os círculos de menires (monumento pré-histórico de pedra, cravado verticalmente no solo) e os monumentos megalíticos. Após permanecerem por 200 anos em um longo e pacífico reinado, ensinando sua arte para os habitantes nativos, foram vencidos pelos últimos conquistadores da ilha, os Milesianos, guerreiros e materialistas, os precursores dos celtas.Depois da sua derrota, os sobreviventes do Povo da Deusa Danu refugiaram-se nas colinas ou embaixo da terra e passaram a ser conhecidos como Daoine Sidhe ou Fairy People, “Povo das Fadas”. É importante ressaltar que apesar de se traduzir fairy por “fada”, este termo não descreve uma “diáfana figura feminina sobrevoando as flores”. O sentido arcaico de Fairy People refere-se a seres sobrenaturais, com aparência etérica, sim, mas pertencendo a ambos os sexos, jovens que gostavam de música, danças, cores, flores, e abominavam o ferro (comprovação de sua origem anterior à Idade do Ferro).

O maior legado dos Tuatha de Dannan foi o culto da Deusa Danu, considerada a Deusa Mãe, progenitora das outras divindades.

Mitologia
Segundo uma lenda, Danu nasceu em um Clã de Dançarinos que viviam ao longo do rio Alu. Seu nome foi escolhido por sua avó, Kaila, Sacerdotisa do Clã. Foi ela que sonhou com uma barca carregando seu povo por mares e rios até chegarem a uma ilha, onde deveria construir um templo, para que a paz e a abundância fossem asseguradas. Ao despertar, Danu relatou seu sonho ao conselho e a grande viagem começou então a ser planejada.


Nomes em outras culturas:

Danu (na religião Hindu)
Danu, Danand, Dana, Ana, Anu (Irlanda)
Don (Gales)
Danuvius (Roma)
Duna (Hungria)
Donau (Alemanha)

Parentesco:

Consorte de Beli.
Irmã de Math.
Mãe de Dagda, Gwydion, Arianrhod, Gobannon e Nudd.
Avó de Dylan e Llew.

Deusas com os mesmos atributos:

Mitologia basca pré-cristã: Maria, Señora de Anboto.
Mitologia cristã: Santa Ana, mãe da Virgem Maria.
Mitologia Celta Galesa: Don
Mitologia Hindú: Annapurna.
Mitologia Romana: Anna Perenna.

Correspondências:

Invoque Danu para: fertilidade, germinação, criação, crescimento, maternidade, força, saúde, inovação, transformação, conhecimento, sabedoria, riqueza, fortuna, prosperidade, sorte, bênçãos, predição, magia.
Animais: cobras, peixes (como o salmão), gaivota.
Aromas e ervas: orquídea, rosa silvestre, coentro, anis-estrelado, nenúfar, língua de víbora, rizoma de lírio.
Óleos: sândalo, jasmim, olíbano, mirra.
Alimentos e Bebidas: null
Cores: verde, marrom, azul, prata, cinza, preto
Pedras: pedras sagradas, seixos de rio, pedras com furos naturais no meio, âmbar, ouro, turmalina verde, turmalina rosa, opala, rodocrozita, quartzo branco, esmeralda, ametista, crisoprásio, aventurina, pedra da lua.
Face da Deusa: Mãe
Elemento: água e terra
Árvores: Macieira, Sorveira, Espinheiro, Pilriteiro.
Estação do ano: null
Dia da semana: quinta-feira
Dia comemorativo: 31 de março (data comemorativa de Dana na Ibéria), 4 de junho e 10 de dezembro (na Irlanda).
Signo: null
Símbolos: chaves, bastões, coroas, rios, mar, montanhas, pedras, feixe de trigo, seixo de rio, caldeirões com água.

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